A Gloriosa Revolução: Uma Batalha pela Soberania e o Fim da Monarquia Absoluta na Inglaterra

A Gloriosa Revolução: Uma Batalha pela Soberania e o Fim da Monarquia Absoluta na Inglaterra

A história da Inglaterra é rica em reviravoltas, revoluções e figuras controversas que moldaram a nação que conhecemos hoje. Entre esses eventos marcantes, destaca-se a Gloriosa Revolução de 1688, um momento crucial que marcou o fim da monarquia absolutista e pavimentou o caminho para uma monarquia constitucional. Esta revolução, impulsionada por uma complexa teia de fatores políticos, religiosos e sociais, teve como protagonistas figuras lendárias como o Rei Jaime II e sua filha Maria II, juntamente com seu marido, Guilherme III de Orange.

Para compreender a magnitude da Gloriosa Revolução, precisamos mergulhar nas profundezas do contexto histórico que a precedeu. No século XVII, a Inglaterra vivia sob o reinado de Carlos I, um monarca absolutista que defendia o direito divino dos reis e buscava aumentar seu poder sobre o Parlamento. Esse conflito culminou na Guerra Civil Inglesa (1642-1651), que resultou na execução do Rei Carlos I e na instauração da República sob o comando de Oliver Cromwell.

Após a morte de Cromwell em 1658, a monarquia foi restaurada em 1660 com a ascensão de Carlos II ao trono. No entanto, as tensões entre a Coroa e o Parlamento persistiam. A ascensão de Jaime II, irmão de Carlos II, em 1685 agravou ainda mais a situação. Jaime II era um católico romano devoto, o que preocupava profundamente os protestantes ingleses, que temiam uma restauração do catolicismo no país. Além disso, as ações autoritárias de Jaime II, como a tentativa de suspender leis parlamentares e impor sua fé, alimentaram a crescente insatisfação popular.

Em meio a essa atmosfera turbulenta, surgiu um movimento para remover Jaime II do trono. Liderados por figuras proeminentes como o Conde de Danby e o duque de Grafton, os Whigs, uma facção política que defendia a soberania parlamentar, conspiraram contra o rei. Eles encontraram apoio em Guilherme III de Orange, Stadtholder da Holanda e genro protestante de Jaime II (casado com Maria II, filha mais velha de Jaime II).

Guilherme, motivado pela crença na liberdade religiosa e pelo temor do expansionismo francês sob Luís XIV, viu a oportunidade de intervir na Inglaterra. Com o apoio dos Whigs, Guilherme III reuniu um exército e cruzou o Canal da Mancha em novembro de 1688, desembarcando em Brixham, Devon. Jaime II, incapaz de reunir apoio suficiente para resistir à invasão, fugiu para a França em dezembro de 1688.

A chegada de Guilherme III foi saudada com entusiasmo por muitos ingleses, que viam nele um salvador da liberdade religiosa e da ordem política. A Convenção, um corpo representativo dos parlamentares, declarou Jaime II depposto e ofereceu a coroa a Guilherme III e Maria II.

As Consequências da Revolução para a Inglaterra

A Gloriosa Revolução teve consequências profundas para a Inglaterra:

  • Estabelecimento de uma Monarquia Constitucional: A monarquia absolutista foi substituída por um sistema onde o poder do rei era limitado pelo Parlamento.
  • A Ascensão do Parlamento: A revolução consolidou o papel do Parlamento como órgão central de governo, garantindo a participação popular na tomada de decisões políticas.

Os Princípios da Gloriosa Revolução:

A Gloriosa Revolução estabeleceu princípios fundamentais que moldaram a sociedade inglesa:

Princípio Descrição
Soberania Parlamentar O Parlamento passou a ser o órgão supremo de poder na Inglaterra.
Liberdade Religiosa A tolerância religiosa foi garantida a todas as denominações cristãs, exceto os católicos.

A Gloriosa Revolução foi um marco crucial na história da Inglaterra, inaugurando uma nova era de governo e estabelecendo princípios que perduram até hoje. Foi uma revolução relativamente pacífica, comparada com outras revoluções europeias da época.